segunda-feira, 26 de março de 2012

Eu quero! Quero! Quero!

Eu quero pouco.
Desejo pouco para mim.
Um lugar pequeno, onde eu mesma limpe e cuide.
Próximo de arvores, acordando sempre ao som dos pássaros.
Um bom emprego, onde não ganhe muito e dê valor ao pouco.
Saúde para os que quero bem.
Um amor que me traga para casa.
Filhos, todos diferentes, três..., quatro.
Um quieto, outro xinguento, uma bailarina e meu João.
Uma laje pro domingo.
Um quintal para sexta.
Uma varanda para minha filha.
Quero viver tempo do bons e maus.
Quero egoismo de mãe. Carinho do pai. Quero pouco.
Quero ter aquela tarde chorosa,
que bem vai entrado na sua rua e quieta como feriado,
limpa e seca, dê saudade antes mesmo de ir.
Quero minha mãe viva para vê João formado.
Quero meus irmãos presente e próximos.
Maria uma moça, minha tia com sua boca.
Um carro? Não, o dinheiro não dá pra tanto.
Mas vamos para praia, fim do ano na ilha.
São João uma fogueira na porta de casa.
Quero pouco mais quero felicidade.
Quero apenas viver bem, próximo a quem amo.
E o que vim será muito, mesmo que pequeno e pouco.
Para mim será tesouro.

terça-feira, 13 de março de 2012

Hoje cedo.

Amanheci fingindo disposição e escondi meu medo.
Percorri a estrada alheia ao mundo e mesmo assim andei.
O medo espreito, esperava de mim um erro.
Mas fui forte, não neguei o choro ao peito.
Fui corajosa, e olhei de onde estava, o mundo correr.
Vi sorrisos, inveja, vi o que um dia poderia ser.
Desisti na hora, - verifiquei a hora.
Senti-me solitária mesmo ao conversar e dizer quem sou.
Foi um dia difícil, que por graça decidiu ir lento.
Fiquei com medo de desapontar, de assustar por ser quem sou.
Cheguei a cogitar fingir, só para agradar.
Que tolice esse deslize. Um sinal de fraqueza, uma buzina do desespero.
Por isso lhe agradeço meu Pai.
Pedi-lhe antes mesmo de o dia começar.
Que segurasse minha mão, e me acompanhasse.
Levasse-me e me trouxesse, coberta em teu manto.
Nunca haverá maior pavor. Nunca houve tamanha proteção.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Dangelo.

Deitei-me esperando te encontrar.
E fez melhor, amanheceu ao meu lado.
Não conversamos. Não nos beijamos. Apenas.
Foi o silêncio, a penumbra do quarto cerrado.
Apenas, Eu e Você.
Uma junção, corpos iguais, irmãos.
Ficamos os dois, sob a manta a se observar.
Enxergado o pior e melhor que há em nós.
Foi carinho, foi prazer, foi amor.
Éramos dois seres de uma existência.
Um pertenceu ao outro.
Presenciamos na calada da noite o absoluto.
O Passado e Futuro, desfrutando do Presente.
Apenas digo, presenciei o que vi, e fiz.
Experimentamos o prazer de um Deus.
Doamos o tempo ao Tempo e permanecemos unidos até o Fim.
Quando o mundo despertou de seu sono, e começou a falar.