sexta-feira, 25 de junho de 2010

0 há 0

Acordo todo dia com raiva. Raiva mesmo, da zoada que fazem (de propósito pra me acordar)
Acordo com raiva do mundo, do sol que atravessa o pano dependurado na janela (mesmo assim ele atravessa)
Acordo com raiva. Posso ver a poeira entre os fechos de luz (entopem minhas vias aéreas, não consigo respirar)
Acordo com raiva das buzinas, dos motores (dos carros, que passam e passam...)
Acordo com raiva do idiota que mexeu nas minhas coisas (não encontro o meu livro!)
Acordo com raiva do galo (como queria que ele se engasgasse)
Mas assim que acordo. Vejo que é dia de festa, por isso que cantam/riem/falam alto, chamando a alegria.
Vejo que depois de tantos dias de chuva, o Sol veio me visitar.
Vejo que minha velhinha, limpando a casa, mesmo sofrendo dos pés, esta limpando a casa, expulsando a poeira.
Vejo que minha caçula gira a casa apertando freneticamente a buzina que tirou da bicicleta.
Vejo que a ultima pessoa, lê, no cantinho da sala, o MEU livro. Como fiquei feliz. Felicidade de escritor.
E vejo que o pobre do galo, não desistindo de mim, me mandou acordar pro mundo, pra minha historia.

Que vergonha sentiu O tal do escritor. Descobrindo que era feliz.

Nenhum comentário: