terça-feira, 20 de setembro de 2011

Senhorinha.

- Você é quente, doce. Eu tenho certeza, estou apaixonado por você.

Se sou quente é que nasci em dia de Sol.
Se sou doce, é graças ao gosto do meu mel.
Mas você, Ciro, gostando de mim.
É porque amor, vivemos em segredo.
Pecando sobre a noite, e aquecendo o mundo.


- Não consigo viver mais sem você.

Vivi sim Ciro. Viveu tudo isso, aguenta mais.
Meu menino-moço. Dexa de sofrer.


- Foge comigo Senhorinha, foge.

Isso não existe! Isso é vida, isso é carne!
Nem se quisesse, Deus não permite.
Perdido no mundo já tem muito demônio.
Peca aqui comigo.


- Quero mais. Odeio que te olhem!

E odeio falar e não aproveitar.
Me dá o que te peço.


- Mas você não me devolve.

Te dou mais. Te dou o meu calor.
Te dou o meu interior.


- Que injustiça!

Injustiça é você não me respeitar.
Que desagrado sinto, em não ser tocada por você.
Que solidão em ti ver aí, sentado, longe de mim.
Melhor é morrer!


- Não fala isso. Não brica de falar sério. Se te perco...

Você se liberta.

- Graças à morte. Mato-me.

Que fim tu teriás?
No inferno não há feios. E no céu, os anjos te invejariam.


-Não fale assim. Para Senhorinha.

O que digo? Meu silêncio gosta de ocupação.

-Hoje estou com sono...

Está com medo! Como posso me confiar em você?

-Não confia, apenas dorme. Fecha os olhos e dorme.

Trecho do livro Senhorinha do Largo Campina.

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